sábado, 6 de novembro de 2010

Primeiras Luzes




Inauguração: 02/12/2010 - 18:00
Exposição: 03/12/2010 a 31/12/2010 - 10:00/13:00 e 14:00/18:00
Galeria Itinerante
Espaço T
Rua Infante D. Henrique, 246/248
Trofa, Portugal



Inauguração: 03/02/2011 - 21:00
Exposição: 04/02/2011 a 23/02/2011 (2ª a 6ª) - 10:00/19:00
Palácio das Artes - Fábrica de Talentos
Fundação da Juventude
Largo de S. Domingos, 16/22
Porto, Portugal



Deus disse: Haja luz. E houve luz. E Deus viu que a Luz era boa. E fez a separação entre luz e trevas.

Desde os primórdios do tempo que o Homem procura na luz a segurança, um consolo que preencha o vazio, uma resposta a uma pergunta por vezes não pronunciada. A primeira centelha de luz terá sido produzida no início de tudo, no meio do caos, num Universo que começava a compor-se e a organizar-se, como se a luz estivesse ali para dar-lhe um sentido, um caminho a percorrer. E com a luz, as cores, numa explosão de luz branca que aos poucos se estilhaça num infinito de matizes, num infinito condizente com o espaço e o tempo. Tempo que, num plano perfeito, dirige-se a nós, dando sentido a tudo o que existiu anteriormente. Nós. Eu. Você. Aquilo que valida tudo o que nos antecede. Tudo se organizou para chegar até aqui. A um determinado momento.

Ainda como formas de vida intra-uterinas começamos a percepcionar luz e cor. Predomina os vermelhos, quentes, apropriados ao útero, também ele quente, protector. Ao nascer, tal como no início de tudo, uma explosão de luz, fria, avassaladora, dá lugar, pouco a pouco, a uma imensidão de cores, sombras, imagens indefinidas, num êxtase sensorial que há-de começar a fazer sentido.

A fotografia nem sempre respeita uma ordem para que faça sentido. Mas se há algo incontornável na fotografia é a luz. Sem ela a fotografia não existe. Seria possível olharmos para uma fotografia que não tivesse no mínimo um ponto, ainda que ínfimo, de luz? Não seria isso a negação da própria fotografia?

O que se procura aqui não é a captura de imagens definidas ou perfeitas mas antes o ganhar consciência sobre a matéria comum à prática fotográfica. Como uma criança que começa a descobrir o que a rodeia. Aqui a ausência de formas e referências permite-nos centrar naquilo que era pretendido. Permite-nos olhar para uma cor e para a forma como esta se relaciona com uma outra, e outra ainda, como se mistura e se transforma. Vivemos tão rodeados de cor que já não a sentimos como tal. Um carro vermelho, um prédio amarelo, um casaco azul… são apenas adjectivos que se ligam a coisas. Mas um carro não deixa de ser um carro independentemente de ser vermelho ou amarelo ou azul. Mas o vermelho é vermelho, o amarelo é amarelo e o azul é azul independentemente se o são de facto. Aquilo que é vermelho para mim poderá não o ser para outro. E é também por isso é que a fotografia nunca deixa de ser algo pessoal, e a forma como escrevemos essa fotografia tão única como um texto manuscrito, com corações a fazer de pontinhos nos “is” ou qualquer outra marca que torna a nossa caligrafia diferente das outras.

“Primeiras Luzes” é o produto de um trabalho de pesquisa e experimentação, onde a luz e a cor são matéria-prima.

Nuno Ferreira, 2010.


Nota Biográfica
Nuno Ferreira nasceu no Porto em 1975. Na área da fotografia tem desenvolvido e colaborado em diversos projectos dos quais se destaca a participação em exposições colectivas (NFN, 2002-2005), publicações e colaboração em edições (Linguagem da Luz, 2001; Revista Águas Furtadas; Revista Espaço Con(tacto)), coordenação de exposições (KID5, 2001; Portugal Contemporâneo, 2002), edição fotográfica (Jornal Universitário do Porto, 2003-2004), reportagens fotográficas (Festival de Trebilhadouro, 2005, 2007 e 2009), entre outros. Tem vindo ainda a ministrar formação em fotografia na instituição Espaço T.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Braga - Termas romanas do Alto da Cividade

Faz este mês um ano que, em passagem por Braga, visitei as termas romanas do Alto da Cividade (Monte de Maximinos) onde, em 1977, escavações efectuadas puseram a descoberto as ruínas de umas termas públicas junto ao fórum da antiga cidade romana de Bracara Augusta.
A área escavada das termas ocupa cerca de 850m². No entanto, estas termas eram maiores como se pode ver pela presença do hipocausto e piscina, localizados a sul, separados do restante corpo do edifício por um corredor estreito. De acordo com o espólio encontrado, foram construídas nos finais do séc. I (período Flaviano), restando desta fase o testemunho das quatro salas quentes cujos hipocaustos se encontram relativamente bem conservados. Não se conseguiu ainda definir o seu circuito interno nem a função de alguns dos seus compartimentos anexos. Em finais do século IV e início do século seguinte, o edifício sofreu uma grande remodelação e a sua superfície foi muito reduzida.
Junto às termas, quando se procedia a escavações, deu-se a descoberta acidental (1999) de estruturas que revelaram a existência de um teatro, cujo estado de conservação acabou por superar todas as expectativas. A área que entretanto foi possível escavar, com cerca de 80 metros de diâmetro, e o número elevado de elementos arquitectónicos e decorativos encontrados, permitiram identificar as diferentes partes orgânicas do teatro. E chamo à atenção que este é o segundo teatro romano a ser escavado no país mas o único teatro romano a céu aberto de Portugal e do Noroeste Peninsular.
Deixo-vos com algumas imagens das termas.









Fotografia © Nuno Ferreira
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Photography © Nuno Ferreira
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