
Acabado de chegar de Madrid, aqui estou eu para comentar a exposição temporária dedicada a Joaquín Sorolla no Museo Nacional del Prado. Estava muito curioso sobre os trabalhos de Sorolla e garanto que não fiquei desiludido. Começando pelo lado menos positivo (devo dizer muuuuuito negativo), não pude fotografar. Não se fotografa dentro do Prado. Nem sequer sem flash. Pessoalmente levo a peito isso e encaro tal norma como ofensa pessoal. A sério. Não compreendo as razões pelas quais não permitem fotografar. Sem flash, salvaguardando a integridade da obra, a fotografia só ajuda a democratizar o acesso à arte, a permitir o acesso a quem não se pode deslocar, seja por que motivo for, e a quem não pode pagar para ver aquela(s) peça(s) em questão. O único local visitado onde me foi permitido fotografar foi no Raiña Sofia. Ocorreu-me agora que o próximo post será sobre os locais que deixam e não deixam fotografar. Voltando a Sorrola e à exposição devo dizer que vale bem a pena reservar entre uma a duas horas para a visitar com relativa calma. A exposição divide-se por dois pisos. No piso térreo, a exposição avança com alguns primeiros trabalhos de reconhecimento nacional e internacional. De destacar as telas apresentadas nas Exposições Universais de Paris, em especial a vencedora de 1900 (Triste herencia) em que Sorolla reproduz uma sua memória de um grupo de crianças orfãs e doentes, ajudadas por um sacerdote, a tomar banho na praia. Ainda antes dessa, algumas telas de temática social impressionam. A mulher que vai presa por matar a filha recém-nascida (Otra Margarita), o pescador ferido na faina (Aún dicen que el pescado es caro) e as raparigas "traficadas" (Trata de blancas). Admirador de Velázquez, Sorolla sabe mimetizar-lhe o estilo sem deixar de inovar e provocar. Pela primeira vez exposto em Espanha, a obra "Sol de la tarde" é disso exemplo. Provocadora, energética, imponente. Ao olha-la quase se sente a brisa do mar, o som das ondas e dos animais a entrar na água, o sal na boca e o calor do sol. Aliás, como já tinha referido num post anterior, os temas relacionados com a praia são de uma mestria formidável, seja pelo domínio das luzes e sombras, como pelo toque helenístico nos retratados. Uma outra constante nos temas de Sorolla é a família. Digno de nota a obra onde Sorolla retrata os três filhos (um rapaz e duas raparigas) e onde sobressai as referências a Velázquez e concretamente ao "Las Meninas". No piso superior destacam-se os 14 painéis realizados por Sorolla (Vision de España) para a Hispanic Society of America, de Nova-Iorque, se bem que pessoalmente recomendo três quartos do tempo de visita no piso anterior.
Atrevo-me mesmo a recomendar a visita a todos, em especial se Madrid estiver no plano de férias. A entrada custa 10 euros e permite o acesso à colecção permanente (merece um post dedicado só a ela) e ao claustro. Quem já planeava a visita ao Prado, sem dúvida que compensa a diferença para visitar a exposição temporária. Quem for radical pode ir e regressar no mesmo dia.
Exemplo
Porto/Madrid - 06:35h - 5€ (já sabem como: ryana**)
Visita ao Prado - 11:00/16:00 - 10€
Almoço - 10€
Madrid/Porto - 20:50 - 5€
Custo aproximado: 40€/50€ (já com "bibelot" de "souvenir", garrafas de água e tickets de metro, :))
Pelas 21:00/22:00 já estão de regresso a tempo de jantar em casa.