sábado, 30 de julho de 2011

Aveiro - Museu de Aveiro (Parte 1)

O Museu de Aveiro, instituído no antigo Convento de Jesus da Ordem Dominicana feminina, é formado por uma área monumental e pela exposição permanente. Foi ali instalado em 1911, por João Augusto Marques Gomes, o seu primeiro director. Ao longo do séc. XX, o Museu foi alvo de diversas intervenções, destacando-se as da década de 40. Em 2006, iniciaram-se as mais recentes obras de ampliação e requalificação do Museu, que culminaram em 2008, com a apresentação renovada da Exposição Permanente.

O Convento de Jesus, de Aveiro, foi fundado no séc. XV por D. Brites Leitão e D. Mécia Pereira. Autorizada a sua constituição por bula papal de Pio II em 1461, manteve a regra de clausura até ao séc. XIX. Nele se recolheu, em 1472, a infanta D. Joana, filha do rei Afonso V, local onde viria a falecer em 1490, tendo sido beatificada em 1673. A sua presença beneficiaria o convento com o legado dos seus avultados bens. Posteriormente, nos sécs. XVII e XVIII, acolheu uma escola de bordadeiras, às quais se devem muitas das peças guardadas no Museu. No contexto da reforma liberal, em 1874, data da morte da última religiosa, o convento dominicano de clausura é extinto e, em 1882, o edifício é entregue à Ordem Terceira Dominicana que o transforma em Colégio de Santa Joana. Com o advento da República, em 1910, o Colégio é extinto e a Igreja de Jesus e área contígua, é decretada monumento de interesse nacional.

A área monumental evidencia o traçado conventual, designadamente da Igreja de Jesus e do claustro, concluídos no séc. XVI, o estilo barroco do coro baixo, com o túmulo da Princesa Santa Joana, do coro alto e de diversas capelas devocionais, dos sécs. XVII e XVIII, e a fachada “apalaçada”, do séc. XVIII. Na fachada inscrevem três portais encimados por frontões, ostentando o brasão real no frontão do meio.
No interior da igreja destaca-se a capela-mor devido ao trabalho de talha dourada. O aspecto actual data dos finais do séc. XVII e XVIII. As paredes forradas com painéis de azulejos apresentam seis telas representando momentos da vida de Santa Joana Princesa. No tecto da nave podemos observar painéis com passagens da vida de São Domingos. Como testemunho do templo primitivo, ao lado do púlpito surge um arco gótico. A porta principal surge na lateral, como tradição dos conventos femininos, dada a existência do coro baixo.
No coro baixo da igreja encontra-se o túmulo de Santa Joana, peça com finíssimos embutidos de mármores italianos, o qual contou com o trabalho de vários artistas portugueses, devendo-se o seu desenho a Manuel Antunes, arquitecto régio. Esta obra terá sido iniciada em 1699, a mando de D. Pedro II, e só em 1711 ali seriam depositadas as cinzas da Infanta.
Entre a igreja e o coro baixo surge a Capela de Santo Agostinho, anteriormente sem ligação a este último. Ali está sepultado o 7º duque de Aveiro, D. Gabriel de Lencastre (1667-1745). D. Gabriel era sobrinho de Santa Joana e grande mecenas do convento, pelo que solicita em testamento para ser ali depositado.
O edifício conserva ainda outros espaços da vida conventual tais como o átrio, local onde funcionava a portaria, o claustro, que conserva uma colunata renascentista, algumas capelas de estilo manuelino, decoradas com azulejos, e a sala do capítulo.


Túmulo de Santa Joana Princesa (coro baixo).
Pormenor do túmulo de Santa Joana Princesa.


Pormenor do túmulo de Santa Joana Princesa.
Pormenor do túmulo de Santa Joana Princesa.


Pormenor do túmulo de Santa Joana Princesa.
Pormenor do túmulo de Santa Joana Princesa.


Túmulo de D. Gabriel de Lencastre (capela de Santo Agostinho).
Pormenor do túmulo de D. Gabriel de Lencastre.


Altar-Mor da Igreja de Cristo.
Altar-Mor da Igreja de Cristo.


Pormenor do altar-mor da Igreja de Cristo.
Pormenor do tecto da nave central da igreja.


Pormenor na Igreja de Cristo.
Pormenor na Igreja de Cristo.


Pormenor na Igreja de Cristo.
Pormenor na Igreja de Cristo.


Tomada de vista dos claustros.
Tomada de vista dos claustros.


Sala do capítulo velho.
Pormenor do tecto na sala do capítulo velho.


Tomada de vista do refeitório.
Tomada de vista do refeitório.


Pormenor no coro alto.
Pormenor no coro alto.


Pormenor no coro alto.
Altar numa capela do coro alto.


Pormenor da estátua de N.ª Sr.ª e Menino.
Pormenor da estátua de N.ª Sr.ª e Menino.

Fotografia © Nuno Ferreira
É permitida a reprodução apenas para uso pessoal e educacional. O uso com fins comerciais é proibido.
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sábado, 23 de julho de 2011

Aveiro - Museu de Arte Nova

Na cidade de Aveiro está a nascer um museu que vale a pena visitar, ou melhor, ir visitando enquanto não está a funcionar em pleno. O edifício anteriormente conhecido por Casa Major Pessoa, foi reabilitado para albergar o Museu Arte Nova de Aveiro. O facto de este ser um dos imóveis mais emblemáticos entre o património desta corrente artística na cidade, faz dele um ponto de passagem obrigatório que culmina com a visita pedonal pelos outros edifícios que compõem o "circuito" identificado pelos técnicos do museu. Para visitar a Casa Major Pessoa têm que contactar com o Museu da Cidade (+351/234406485) e agendar uma visita. A Casa Major Pessoa (Mário Belmonte Pessoa era um proprietário e negociante natural de Espinho) está classificada como Imóvel de Interesse Público. O projecto, concluído em 1909, atribui-se a Francisco Augusto da Silva Rocha que terá colaborado na sua execução com Ernesto Korrodi.
Ao nível das suas fachadas a decoração é exuberante e recorre a flores, animais e formas curvilíneas estilizadas, elementos bem característicos do movimento Arte Nova. No interior realça-se a escadaria em ferro forjado, em espiral, que conduz ao piso intermédio, bem como os painéis de azulejo que revestem, até meia parede, as salas do rés-do-chão. No pátio destaca-se o miradouro sobranceiro à Praça do Peixe e a calçada portuguesa de grande beleza e com motivos decorativos ao gosto Arte Nova.

(em cima)
Pormenor do portão de ferro, fachada principal.
Pormenor da fachada principal.


Detalhe de painel de azulejos, hall de entrada.
Detalhe de painel de azulejos, hall de entrada.


Detalhe de painel de azulejos, rés-do-chão.
Detalhe de painel de azulejos, rés-do-chão.


Pormenor da fachada traseira
Pormenor da fachada traseira


Pormenor do corrimão em ferro, fachada traseira
Pormenor do corrimão em ferro, fachada traseira


Detalhe na fachada traseira.
Pormenor do painel de azulejos no exterior do miradouro.


Tomada de vista do exterior para a fachada traseira.
Miradouro, fachada exterior.

Fotografia © Nuno Ferreira
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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Vila Real - Casa de Mateus

Um dos locais a visitar em Vila Real é, sem dúvida, a Casa de Mateus. O edifício é mandado construir na primeira metade do século XVIII por António José Botelho Mourão, 3º Morgado de Mateus, para substituição da casa de família já ali existente em inícios do século XVII. Em 1743, o então arcebispo D. José de Bragança foi informado de que António Mourão havia demolido um palácio para construir um outro melhor, razão pela qual se crê que à data a edificação do Solar estaria já em fase adiantada.
De arquitectura barroca e de gosto italiano, os seus planos são atribuídos a Nicolau Nasoni, tanto pela coerência do estilo e semelhança com outras obras de sua autoria bem como pela extensa actividade do arquitecto pelo norte do país. Tal como se pode ler nas palavras da arquitecta Teresa Nunes da Ponte, segundo Robert Smith, especialista na obra de Nasoni, o arquitecto terá dedicado à construção da Casa, ou pelo menos à sua fachada central e decoração, os anos entre 1739 a 1743. Todavia, ainda segundo Robert Smith, apenas lhe pode ser atribuída a concepção da escadaria e pátio de entrada com passagem directa de carruagens para o jardim posterior, num modelo semelhante ao dos palácios italianos que Nasoni com conheceria com toda a certeza. Do mesmo modo, a dupla escadaria, os vãos dos patamares e a cornija da fachada se aproximam de outras edificações da autoria de Nicolau Nasoni. Contudo, o excesso de decoração na fachada da Casa de Mateus, bem como a inserção de elementos estranhos a Nasoni levam a ponderar a hipótese das próprias composições do arquitecto terem sido executadas posteriormente, incorporando algumas divergências e afastamentos relativamente aos desenhos originais do arquitecto.
Associado ao esplendor barroco da fachada principal e da riqueza da decoração temos uma impressionante racionalidade ao nível da planta e um rigor quanto à métrica e à modulação. A planta está inserida num rectângulo, dividindo-se em dois quadrados vazados ao centro, criando várias alas e compondo dois pátios ligados entre si através de grandes aberturas no piso térreo. O pátio frontal é aberto à frente, abrindo a vista da fachada principal, que se encontra recuada e voltada a poente. O pátio posterior é encerrado criando uma estrutura semelhante a um "H" fechado no topo. Ambos os pátios definem, através dos grandes vãos do rés-do-chão, um eixo central de perspectiva que atravessa toda a construção. O acesso ao piso nobre faz-se por dupla escadaria, elemento que se repete nas fachadas transversais dos dois pátios, duas a poente e uma a nascente, acentuando a simetria e o movimento barroco de toda a ornamentação.
Completando o conjunto, temos a Capela e a Adega. A Capela já terá sido terminada no tempo de D. Luís António de Sousa Botelho Mourão, 4º Morgado de Mateus. A capela apresenta bastantes semelhanças, em especial ao nível da composição da frontaria, com a igreja Nova de Vila Real onde trabalhou José de Figueiredo Seixas, natural de Viseu. José Seixas é considerado um dos artistas que “prolongou de certo modo a lição do artista toscano”, sendo o provável responsável pelo desenho do edifício..
Referências em documentos do arquivo da Casa e a análise atenta da planta e elementos da construção, apontam para a identificação de possíveis pré-existências da primitiva construção e diferentes campanhas de obras. Diferente constituição da alvenaria de pedra em paredes e distintas espessuras podem significar obras sucessivas, sendo nesta hipótese mais recentes as alas frontais do edifício, tese colocada por Vasco Graça Moura nos seus estudos sobre a Casa.
A partir de 1979 todo o conjunto é adaptado às actividades culturais da Fundação Casa de Mateus, tendo sido restaurados e reabilitados a Casa e os anexos agrícolas. É então criado um circuito expositivo alargado e vários novos núcleos de exposição que integram o espólio da família e complementam o Museu, que é remodelado. O Barrão da Eira é recuperado para apoio à realização das actividades da Fundação sendo construídos, em anexo, camarins de apoio. A Adega sofre obras de recuperação e é equipada de acordo com as novas exigências técnicas. O antigo Lagar de Azeite é reabilitado e ampliado para a instalação da Residência de Artistas.
A escultura de João Cutileiro, que desde 1981 dorme no Lago, integrou já a imagem da Casa.
Em 1911 é classificada como Monumento Nacional.






















Fotografia © Nuno Ferreira
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