sexta-feira, 18 de março de 2011

A Febre

Uma excelente oportunidade para ver um grande espectáculo. A entrada é livre, sujeita aos lugares disponíveis.
Segundo a divulgação da Casa da Música, João Reis interpreta A Febre, monólogo incómodo de Wallace Shawn, actor que reconhecemos de filmes de comédia norte-americanos, mas que é também autor de peças politicamente controversas. Neste texto de 1990, o dramaturgo explora sem piedade a ambiguidade moral da América liberal na relação com os países do "terceiro mundo". Num cenário de guerra, um homem adoece num miserável quarto de hotel. Olhar pela janela implica testemunhar execuções e outras atrocidades. Mergulho em profundidade na consciência da culpa, este A Febre encenado por Marcos Barbosa tem em João Reis um intérprete inteiro, que nos devolve um teatro para ver o mundo no dia em que o mundo olha para o teatro.

A Febre é um texto político, com certeza, mas não como esses outros, aqueles outros, esses tais que sabiam a verdade toda, e a verdade logo com V grande, ó caneco, e não admitiam qualquer "senão", nenhum "porém", nem sequer um tremelicante "quê?". Não, este A Febre não é nenhuma cassete desbobinada a partir do púlpito ou do palanque, aqui não há nada dessa pose de "dono da verdade" de tanto texto dito "político". Aqui "político" não precisa de aspas, aqui "político" não é a tradução nacional-porreirista de "fraquito", ou "ali entre o medíocre e o mediano", ou chato-como-a-potassa-mas-aguentem-lá-em-nome-da-crença-ideológica-ou-clubística-cá-da-malta. Nesta magnífica peça - monólogo? conto? ensaio? discurso? - de Wallace Shawn, o político vem do próprio texto, não aparece imposto de fora, caído de pára-quedas, descido dos céus para nos vender uma qualquer metáfora-lição em palavras de pedra. Aqui o político surge das entrelinhas da vida; de uma vida na primeira pessoa que nos é mostrada mais do que explicada. Aqui o político implica-nos de imediato porque parte de um viver concreto, de uma história bem-feita, isto é, feita verdade.
- Jacinto Lucas Pires -
Excerto de "Punho fechado". In Solos: [Programa]. Porto: Teatro Nacional São João, 2010.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Ciclo de Cinema Africano Francófono

A propósito da celebração da Francofonia, a Reitoria da Universidade do Porto, o Centro de Estudos Africanos da Universidade do Porto (CEAUP) e o novo Institut Français de Portugal, decidiram associar-se e conceber o Ciclo de Cinema Africano Francófono e assim mostrar ao público portuense um cinema jovem, repleto de riquezas e de futuro.

Extraído do fundo da "Cinemateca África" do Institut Français são apresentados ao público exemplos do património cinematográfico africano pouco conhecido e muitas vezes ignorado. A selecção dos filmes foi feita a partir de obras de cineastas reconhecidos ou premiados pela critica internacional. Este Ciclo que desejamos ser o primeiro de muitos, é também uma homenagem à diversidade cultural e um momento para despertar a curiosidade pelos seus criadores.

O público poderá desta forma descobrir documentários e ficções da Tunísia, do Senegal, da Argélia, de Marrocos, da Mauritânia e do Mali. Em língua original dos seus países na sua maioria, os filmes serão legendados em francês ou em português. As sessões serão acompanhadas de encontros com investigadores do CEAUP que apresentarão os filmes e os países de origem. Será também um momento para conversar com o realizador congolês Rufin Mbou Mikima que apresentará uma visão do Cinema Africano Francófono.

Com a apresentação deste Ciclo consolida-se mais uma parceria institucional que certamente muito contribuirá para a afirmação da importância do intercâmbio cultural e para o cruzamento de novos públicos no Edifício Histórico da Reitoria da Universidade do Porto.

Local: Auditório Gomes Teixeira (Reitoria da U.Porto)