sexta-feira, 31 de julho de 2009

Museo Nacional del Prado - Joaquín Sorolla

Acabado de chegar de Madrid, aqui estou eu para comentar a exposição temporária dedicada a Joaquín Sorolla no Museo Nacional del Prado. Estava muito curioso sobre os trabalhos de Sorolla e garanto que não fiquei desiludido. Começando pelo lado menos positivo (devo dizer muuuuuito negativo), não pude fotografar. Não se fotografa dentro do Prado. Nem sequer sem flash. Pessoalmente levo a peito isso e encaro tal norma como ofensa pessoal. A sério. Não compreendo as razões pelas quais não permitem fotografar. Sem flash, salvaguardando a integridade da obra, a fotografia só ajuda a democratizar o acesso à arte, a permitir o acesso a quem não se pode deslocar, seja por que motivo for, e a quem não pode pagar para ver aquela(s) peça(s) em questão. O único local visitado onde me foi permitido fotografar foi no Raiña Sofia. Ocorreu-me agora que o próximo post será sobre os locais que deixam e não deixam fotografar. Voltando a Sorrola e à exposição devo dizer que vale bem a pena reservar entre uma a duas horas para a visitar com relativa calma. A exposição divide-se por dois pisos. No piso térreo, a exposição avança com alguns primeiros trabalhos de reconhecimento nacional e internacional. De destacar as telas apresentadas nas Exposições Universais de Paris, em especial a vencedora de 1900 (Triste herencia) em que Sorolla reproduz uma sua memória de um grupo de crianças orfãs e doentes, ajudadas por um sacerdote, a tomar banho na praia. Ainda antes dessa, algumas telas de temática social impressionam. A mulher que vai presa por matar a filha recém-nascida (Otra Margarita), o pescador ferido na faina (Aún dicen que el pescado es caro) e as raparigas "traficadas" (Trata de blancas). Admirador de Velázquez, Sorolla sabe mimetizar-lhe o estilo sem deixar de inovar e provocar. Pela primeira vez exposto em Espanha, a obra "Sol de la tarde" é disso exemplo. Provocadora, energética, imponente. Ao olha-la quase se sente a brisa do mar, o som das ondas e dos animais a entrar na água, o sal na boca e o calor do sol. Aliás, como já tinha referido num post anterior, os temas relacionados com a praia são de uma mestria formidável, seja pelo domínio das luzes e sombras, como pelo toque helenístico nos retratados. Uma outra constante nos temas de Sorolla é a família. Digno de nota a obra onde Sorolla retrata os três filhos (um rapaz e duas raparigas) e onde sobressai as referências a Velázquez e concretamente ao "Las Meninas". No piso superior destacam-se os 14 painéis realizados por Sorolla (Vision de España) para a Hispanic Society of America, de Nova-Iorque, se bem que pessoalmente recomendo três quartos do tempo de visita no piso anterior.
Atrevo-me mesmo a recomendar a visita a todos, em especial se Madrid estiver no plano de férias. A entrada custa 10 euros e permite o acesso à colecção permanente (merece um post dedicado só a ela) e ao claustro. Quem já planeava a visita ao Prado, sem dúvida que compensa a diferença para visitar a exposição temporária. Quem for radical pode ir e regressar no mesmo dia.

Exemplo
Porto/Madrid - 06:35h - 5€ (já sabem como: ryana**)
Visita ao Prado - 11:00/16:00 - 10€
Almoço - 10€
Madrid/Porto - 20:50 - 5€
Custo aproximado: 40€/50€ (já com "bibelot" de "souvenir", garrafas de água e tickets de metro, :))
Pelas 21:00/22:00 já estão de regresso a tempo de jantar em casa.

sábado, 25 de julho de 2009

Trebilhadouro

Está aí à porta provavelmente o último Trebilhadouro - Festival Internacional de Artes e Culturas. Para quem não sabe, o festival está intimamente ligado ao desejo de reabilitar a Aldeia de Trebilhadouro, em Vale de Cambra. Por trás da ideia estiveram os membros da Associação Rasgo e do Teatro Arado. Agora, que o festival atinge a sétima edição, parece que o trabalho está concluído. A aldeia foi reabilitada e segundo sei, já está classificada. A última vez em que estive lá, na edição anterior do festival, há dois anos, a aldeia estava já numa fase de colocação de saneamento e acessos. Para quem participou nos primeiros festivais, com todas as casas cobertas de silvas e mato, a passar as noites cantando e dançando, a beber a "borradinha" e o vinho tinto em malgas de barro, ver este resultado deve saber muito bem. Eu apenas participei nas últimas duas edições, fazendo a cobertura fotográfica do evento. Este ano conto estar lá para registar mais esta. Este ano o festival conta com participações de grupos da Galiza, de Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde, para além das várias representações nacionais. Apareçam.

Deixo-vos algumas imagens recolhidas na edição anterior.



Ver "post" sobre a edição de 2009 AQUI

Fotografia © Nuno Ferreira
É permitida a reprodução apenas para uso pessoal e educacional. O uso com fins comerciais é proibido.
Photography © Nuno Ferreira
Permission granted to reproduce for personal and educational use only. Commercial copying, hiring, lending is prohibited.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

PBJ Downtown Sounds

Amanhã (na realidade já devia escrever hoje) vou fazer o possível por passar pelo Downtown, em plena Avenida dos Aliados, para ver o que este PBJ Downtown Sounds nos reserva. A ideia de misturar Porto com Blues e Jazz parece-me excelente. O local também costuma ser agradável e depois de estar seis horas a deambular avenida acima, avenida abaixo, em apoio à exposição "Homem T" vai saber bem sentar um pouco naqueles "puffs" e descontrair. Pelo caminho uma breve passagem no turco para uma pitta deverá compor o ramalhete. E sempre ouvi dizer que beber (jazz sem álcool é como...) de barriga vazia dá mau resultado. Não que eu beba muito... ou coma pouco... hummm! Se calhar uma salada e uma garrafita de água não fosse pior. Nevermind, apareçam e divirtam-se. É sexta à noite.

And now for something completely different: Bzzz

Não quero deixar de partilhar convosco algo que descobri navegando pelo mundo maravilhoso do youtube. Num daqueles dias em que a moral estava em baixo, que tudo parecia cinzento, uma explosão de preto e amarelo conseguiu a proeza de me fazer rir. Bem dizem que rir é o melhor remédio. O vídeo diz respeito a uma das actuações no JESC (festival da eurovisão junior, a.k.a. "o festival da canção dos putos") de 2008. Portugal não entrou pelo que não vale a pena procurar a participação lusa. Aliás parece que a maior parte dos países concorrentes saíram do antigo bloco de leste. Tudo bem. Voltando à prestação em causa, podemos verificar pelo "intro" do vídeo que se trata dos representantes da Georgia, duas raparigas e um rapaz que não aparentam ter mais do que 10 anos. O título deixa ainda antever que se trata da prestação vencedora. O grupo chama-se Bzikebi e a canção Bzzz. Arrisquei carregar no link. O que se seguiu é indescritível. Eu garanto que passei o primeiro minuto à espera que os putos começassem a cantar com língua de gente. Nada. Népias. Nicles. Zumbidos e mais zumbidos, num misto de língua inventada e muita brincadeira. Adorei. Amei. Tornei-me fã número um. O final até parece algo digno da Maria João e Mário Laginha. Deve ser fantástico desconstruir toda aquela representação de festival de gente grande mas com putos ranhosos (e sorridentes) e pré-adolescentes com tiques de popstar e ir ao festival apenas para gozar à brava. Não acredito que alguém estivesse à espera daquele resultado (e no entanto porque não?). Mas tenho a certeza que aqueles três deitaram-se na noite anterior, em pulgas, sonhando sair vencedores. Que outro final poderia ter aquele festival?

Deixo-vos a letra e o vídeo. Não tenham vergonha de o ver e rever. Vale bem por três comprimidos de Sertralina. E não dá ressaca.

Bzzz (by Bzikebi)

zbza-zbza zbzbz-ka!
zbza-zbza ha-ha
bza bzu ha-ha

zabzabzabzabzbbzabzabzbzaro
zabzabzabzabzbbzabzabzbzaro
bzabzabzabzabzbbzabzabzbzaro
bzabzabzabzabzbbzabzabzbzaro
zabzabzbzaro zabzabzbzaro

zbz zbz zbzz zbz zbz zbzz
zbz zbz zbzz zbz zbz zbzz

bza bzu bzi bzu bzaro, bza bzu bzi bzu bzu
bza bzu bzi bzu bzaro, bz bz bz zbz rbz bz bz bz
bza bzu bzi bzu bzaro, bza bzu bzi bzu bzu
bza bzu bzi bzu bzaro, bz bz bz zbz rbz bz bz bz

zbz zbz zbzz zbz zbz zbzz
zbz zbz zbzz zbz zbz zbzz

zabzabzabzabzbbzabzabzbzaro, zabzabzabzabzbbzabzabzbzaro
bzabzabzabzabzbbzabzabzbzaro, bzabzabzabzabzbbzabzabzbzaro
zabzabzbzaro, zabzabzbzaro

bziao bziao bz bz bziao bziao bz
bziao bziao bz bz bzbz bzrbz bz bz bz bz
bziao bziao bz bz bziao bziao bz
bziao bziao bz bz bzbz bzrbz bz bz bz bz

zbz zbz zbzz zbz zbz zbzz
zbz zbz zbzz zbz zbz zbzz

bza bzu bzi bzu bzaro, bza bzu bzi bzu bzu
bza bzu bzi bzu bzaro, bz bz bz zbz rbz bz bz bz

bza bzu bzi bzu bzaro, bza bzu bzi bzu bzu
bza bzu bzi bzu bzaro, bz bz bz zbz rbz bz bz bz

bziao bziao bz bz bziao bziao bz
bziao bziao bz bz bzbz bzrbz bz bz bz bz

bza bzu bzi bzu bzaro, bza bzu bzi bzu bzu
bza bzu bzi bzu bzaro, bz bz bz zbz rbz bz bz bz

bziao bziao bz bz bziao bziao bz
zbzbzbzbzbzbzbzzzzzzzzm
zabzo zibzu zabzum zum
zabzo zibzo zabzum zummmm
zbzbzbzbzbzbzbzbzbzbzbz
zm zm zm

zabzabzabzabzbbzabzabzbzaro
zabzabzabzabzbbzabzabzbzaro
bzabzabzabzabzbbzabzabzbzaro
bzabzabzabzabzbbzabzabzbzaro

zbzaaaa zbzaaaa zbzaaaa
bzio bzio bzio bzio bzio bzio bzio bzio
bzaaaaaaaa




Tive que editar a mensagem porque o vídeo original foi apagado do youtube. Já agora deixo um vídeo mais recente. E continuo a achar-lhes imensa piada.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Os pequenos ditadores

Hoje custa-me escrever umas miseras linhas. Olho à minha volta e não vejo nada que me agrade. Sinto-me rodeado por gente pequena que tem medo de sonhar mais alto. São pequenos ditadores que por detrás da secretária, do balcão, do volante, nos seus sapatinhos de verniz e sola rota, nos seus fatos de ocasião e vestidinhos aprumados, transvestidos para o carnaval do dia-a-dia, enfeitados para o baile de hoje mas podres por dentro. São os pequenos ditadores que dizem mal de tudo, que se queixam de todos e que afirmam que o país está em crise, quando na realidade a crise está neles, o podre está neles. São aqueles que por detrás do "status quo" o usam e deturpam para servir os seus intentos. São aqueles que fazem tudo por tudo para te derrubar, que se fingem solidários contigo mas que te pisam à mínima oportunidade, num sadismo que os excita e os faz ansiar por mais. Recuso-me a aceitar tal realidade. Se aceitar isso é crescer então quero ser Peter Pan. Quero ser Tom Sawyer e Huckleberry Finn. Quero ser o pequeno vagabundo de Chaplin. Quero ser puto para sempre e nessa irreverência cuspir-lhes em cima, deitar-lhes a língua de fora, chamar-lhes nomes e fazer que fujo só para voltar de seguida e fazer o mesmo. Sinto que a promessa da jangada de pedra tarda em cumprir-se. Mas pressinto uma revolta das que não perdoam. É nessa ideia que deposito as últimas migalhas de esperança. Faz-me falta um Portugal novo. Faz-me falta um povo novo... Faz-me falta um líder novo que não seja de papelão... Faz-me tanta falta...

sábado, 18 de julho de 2009

Dialogues Boxes on Street Windows

De passagem por Faro, deambulando pelas ruas perto do centro histórico na esperança de ir lá ter, deparei-me com esta coisa fantástica que têm na imagem. Uma carrinha peluche, ou quem sabe um peluche carrinha. A obra chama-se "Ford Teddy" e é da autoria de Tiago Custódio. Nas imediações mais algumas obras podiam ser encontradas, como as que junto em baixo. Uma instalação de Joana Bárbara intitulada "Suspensão", outra de Tatiana Barreiros intitulada "Trap" e numa outra zona relativamente perto descobri que as "Brincadeiras de mão são beijos de burro" segundo Ana Vidigal. Só consegui ver estes quatro trabalhos mas segundo o que descobri no site da Câmara Municipal de Faro, o projecto inaugurado a 20 de Junho conta com muitos mais. O projecto em si pretende responder (ou pelo menos cogitar sobre) a duas questões. O que é a Arte Pública e qual é a necessidade da Arte intervir em espaços já saturados com informação visual. A ideia é pertinente e no entanto encontro alguma impertinência nela. Há uns dias atrás, na véspera da inauguração da exposição de Arte Pública "Homem T", uma jovem, dita artista, ao passar na baixa do Porto com uma amiga e ao deparar-se com um exercito de estátuas tapadas por panos brancos, resolveu destapar um, tentar levar consigo a estátua, e ao não o conseguir, intentar seguir rua fora com o pano na cabeça. Ao ser abordada por alguns elementos da organização, deu início a uma série de baboseiras que não relato aqui pois eu também sou novo (a deixar de o ser rapidamente, infelizmente) e compreendo o que é sair de um bar pelas sete da manhã e que o consciente perde por vezes para o inconsciente e que o racional passa rapidamente a irracional. Contudo dizia ela ser artista, repito. E que aquilo não era Arte Pública, porque Arte Pública é para ser tocada e fazer-se o que se quiser e que se ela quisesse levar o pano ou fazer outra coisa à estátua era para isso que a mesma ali estava. De outra forma não era Arte Pública e o que queríamos era um "happening" à hora marcada de inauguração. Pena confundir-se Arte Pública com "algo que está na rua para ser destruído e vandalizado". Pelo que percebi, se a Arte é Pública, então posso fazer o que quiser, incluído roubar, destruir, vandalizar. Não sei o que ensinam em Belas Artes, nem o que alguns jovens artistas andam a aprender. Já é triste ver muitas das obras vandalizadas por delinquentes e povinho alcoolizado. Agora pseudo-artistas a acharem que têm esse direito é demais. Gostava de um dia a apanhar numa performance pública para lhe pregar uns bons sopapos a ver se ela gostava. Provavelmente diria que eu era contra as artes e que a estava a impedir de exercer o seu direito de expressão. Felizmente parece que a sul do país existem menos vândalos. As quatro obras que vi encontravam-se em bom estado, exceptuando duas pequenas legendas junto à obra e coisas de pormenor que um mês na rua, ao sabor dos elementos naturais, não pode ser evitado. O nosso Homem T já conta com mais estragos e tem apoio permanente. Será que o facto de em Faro nesta altura do ano andarem mais estrangeiros nas ruas do que portugueses tem alguma influência? Talvez, talvez...
Seja como for, se passarem em Faro fiquem atentos. Podem encontrar algo de surpreendente ao virar da esquina.

domingo, 12 de julho de 2009

Mercado Porto Belo

Estive este sábado no Mercado Porto Belo. Já andava há algum tempo para lá ir, mas por uma razão ou por outra, maioritariamente por preguiça, ainda não o tinha feito. O mercado Porto Belo inspira-se, segundo o divulgado, no famoso mercado londrino, Portobello. Pois, inspira-se. Falta-lhe a dimensão e a acção. Mas gostei desta versão micro o suficiente para desejar que não fique apenas por Setembro, mas que descubra um espaço que o possa albergar durante todo o ano. Há tanto espaço latente nesta cidade que nem sei por onde começar. Adorava ver este nosso Porto Belo a crescer a ganhar uma identidade solida, daquelas que deixa uma marca em quem lá passa. Dele posso-vos dizer que gostei do ambiente, acolhedor e no entanto desprendido, solto, fresco. Pequeno, mas suficientemente interessante para valer a pena a visita. Nesta primeira incursão comprei um pequeno "menino jesus" e três gravuras, tudo a um euro. Fiquei com vontade de comprar mais algumas pequenas peças, mas fica para a semana. Assim, obrigo-me a voltar com mais calma e quem sabe a encontrar outras tentações. Essas, não faltam e são para todos os gostos.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Cinema Fora do Sítio

Pois é... aparentemente já está aí uma nova edição do Cinema Fora do Sítio. E como sempre, o filme em cartaz que mais queria ver, já passou. O ciclo deste ano, na 10ª edição, começou no dia (noite) 3 de Julho. Ainda não vi "muppies" na cidade e a Porto Lazer fez o favor de enviar a divulgação por email (que mais uma vez chega sem abrir seja que imagem for) hoje. Lá diz o ditado, antes tarde do que nunca. Sugestão à organização: para o ano comecem com os filmes mais antigos e deixem os mais recentes para o fim. Ainda assim, temos muita coisa boa para ver. David Lynch está em força com "Mulholland Drive" e com "Uma História Simples", nos dias 18 e 24 de Julho. Os dois são excelentes. É uma boa oportunidade para ver dois estilos bem diferentes de Lynch. Para quem ainda não viu o grande vencedor dos Óscars deste ano, tem agora a possibilidade de assistir a "Quem quer ser Bilionário", a encerrar este ciclo em 1 de Agosto. A restante escolha também não está má pelo que vale sempre a pena a deslocação. E pelo menos é uma noite diferente, de cinema sem pipocas (ou talvez não, acho que me lembro de ver um pipoqueiro no ano passado). Aproveitem. Saiam de casa, levem os putos, a mãe e a avó, convidem a vizinha do lado, a colega do trabalho, o senhor do café. Apanhem ar fresco. Esqueçam a Gripe A. Mas levem um casaquinho por sim e por não.

domingo, 5 de julho de 2009

Convento Sanpayo

Ontem o Clube UNESCO Espaço T fez uma visita a Vila Nova de Cerveira, onde se incluiu uma passagem pelo Convento Sanpayo. Após uma subida de vários quilómetros desde o centro de Cerveira chegamos àquele espaço, onde o silêncio predomina e o Homem se sente pequeno. Este convento, fundado em 1392, foi recuperado pelo Mestre José Rodrigues e serve de casa à Associação Cultural Convento S. Paio. Aqui José Rodrigues criou a sua casa, o seu espaço de trabalho e reflexão. Os espaços exteriores, bem cuidados, estão preenchidos por obras do Mestre. Lá pude rever a Anja, velha amiga do Porto e que infelizmente nos deixou, raptada e violada por seres menores. Mas afinal ainda vive naquele local de clausura, a salvo dos homens maus. Ao seu lado outras amigas lhe fazem companhia, silenciosas e observadoras. No espaço interior, as várias áreas são agora aproveitadas para outras funções. A capela, de particular arquitectura já que a nave e a abside apresentam tamanhos idênticos, serve agora a um outro tipo de reflexão e elevação. As peças religiosas e iconográficas presentes surpreendem de algum modo. O coro alto recebe as vozes das imagens do fotógrafo Júlio de Matos. No piso superior do convento são apresentados dois espaços de exposição com obras de José Rodrigues: um exclusivo de trabalhos em cerâmica e um outro onde predomina a pintura. Regressando ao piso térreo, somos encaminhados a uma sala, onde várias peças orientais reunidas pelo Mestre, são apresentadas. De novo, surpreende tal conjunto. Um belo espaço de reflexão e de inspiração por certo. Vale bem a pena a visita. Recomendo vivamente. Deixo-vos algumas imagens recolhidas durante a visita.


Fotografia © Nuno Ferreira
É permitida a reprodução apenas para uso pessoal e educacional. O uso com fins comerciais é proibido.
Photography © Nuno Ferreira
Permission granted to reproduce for personal and educational use only. Commercial copying, hiring, lending is prohibited.