Espaço de partilha, ponto de partida e ponto de encontro, de ideias e de emoções, de tudo e de nada. Espaço de reflexão, de crítica e de opinião. Sobre a arte e sobre a ARTE. Sobre o artista e o artesão. Sobre o intelectual e o analfabeto. Sobre os escolásticos e os da escola da vida. Feel free to join in. Eu não mordo. Bem... pelo menos nem sempre.
domingo, 28 de junho de 2009
Henrique Pousão
No limite do último dia, lá consegui ir ao MNSR para ver a exposição do Henrique Pousão. Não se tratando de uma grande exposição (entenda-se em tamanho), os trabalhos expostos apresentavam uma coerência a todos os níveis, formando um agradável conjunto. Para além de Pousão, podíamos encontrar trabalhos de Artur Loureiro, Soares dos Reis, José Escada, Acácio Lino de Magalhães, Simões de Almeida, António Areal, entre outros, bem como algumas fotografias de Henrique Pousão tiradas enquanto criança, adolescente e jovem adulto e umas quantas mais de modelos ciociaros. Henrique Pousão, natural de Vila Viçosa, forma-se na Academia Portuense de Belas Artes. Segue para Paris e Roma, onde desenvolve o seu estilo e produz alguns dos seus melhores trabalhos. Pousão, que morre jovem, com 25 anos, vítima de tuberculose, na minha opinião, atinge a grandeza com os seus modelos humanos, em especial com este jovem modelo napolitano retratado na duas imagens publicadas sobre Pousão neste blog, "Esperando o Sucesso" e "Cabeça de Rapaz Napolitano". Se fiquei sensibilizado pela beleza de obras como o "Artista na infância" de Soares dos Reis (a cujo trabalho escultórico não consigo ser indiferente), e a já referida "Cabeça de Rapaz Napolitano" do próprio Pousão, foi na obra central que me perdi por longos momentos. Num jogo de olhares entre obra e admirador, o espaço bidimensional abre-se e permite a penetração no seu interior pelos nossos sentidos. O olhar atrevido do modelo, o desenhito que salta para primeiro plano, a obra em estudo atrás, a dinâmica entre luz e sombras no estúdio, o volume das formas, o aveludado das roupas, o bronzeado da pele, o silêncio do momento prestes a quebrar-se num riso solto, tudo me faz sentir a obra por inteiro. Pousão torna-se grande nesta obra. Em outras como a "Cansada", a "Napolitana" ou a "Cecília", do mesmo ano, 1882, sente-se o mesmo dom, a mesma mestria no retrato quase fotográfico se assim quisermos, mas sempre romântico, belo, intocável, imperturbável, mas é nesta que tudo se combina de forma perfeita. Que mais teria produzido Pousão se a sorte assim o tivesse permitido? Só me resta imaginar...
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