quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Trebilhadouro

No rescaldo de mais um Festival de Trebilhadouro esperava relatar algo de diferente. No entanto, é o final de um ciclo que espelho aqui. Com a aldeia quase renovada, casas de telha nova e cara lavada, alguns desacertos pelo meio entre anexos e portões de metal, pedras deslocadas, caminhos cortados e casas vedadas, este Trebilhadouro ainda que tenha trazido aromas de outros anteriores não pareceu o mesmo. A borradinha estava lá, bem como os workshops e grupos convidados. O publico no entanto é que não se mostrou, talvez devido ao tempo instável, talvez devido à concorrência naquele fim-de-semana. Também senti falta da feirinha de artesanato que por lá costumava marcar presença. A primeira performance, da primeira noite, esteve a cargo dos "Irmãos Esferovite". Como não sou grande adepto de circo não vou comentar, ainda que tenham conseguido arrancar-me alguns sorrisos. Parabéns. E conseguiram agradar ao publico pelo que percebi. Duplos parabéns. A actuação seguinte ficou a cargo dos "Tinto e Jeropiga". Esses confesso que me animaram. São a imagem perfeita para este tipo de festival. Num som folk de suporte tradicional, animam e ajudam a aquecer a noite fria da serra. A noite termina com a actuação do "Mestre Galissá", da Guiné-Bissau, com um cheirinho a Africa. A segunda noite contou com uma alteração ao programa provocada pelo estado do tempo e em vez da actuação do "Teatro Experimental de Pias" assistimos a um estória pelo contador Mussá Ibrahimo de Moçambique. A noite aquece com "André Cabaço Trio", de Moçambique num concerto bastante interessante e termina com a actuação dos "Mosca Tosca" de Portugal que conseguiu motivar o publico a dançar noite dentro. Estes últimos surpreenderam-me bastante, posso garantir, revelando-se como a grande surpresa do festival no que me diz respeito. A última noite do festival contou com a presença do grupo português de cantares populares "Danças d'Unha" e para terminar, com o grupo galego "Linho do Cuco". A estes últimos destaco a proeza de actuar profissionalmente para os últimos resistentes presentes junto ao palco. Boa musica e muita simpatia que nos chega daquelas paragens. Abraço aos irmãos da Galiza. Quanto ao resto do festival nada de muito novo. Alguns workshops preencheram as tardes de sábado e domingo, para além das habituais caminhadas ao rio e sessões de yoga marcadas de véspera. Não sei se haverá novo Trebilhadouro. A acontecer terá forçosamente que ser em outros moldes. Parabéns à organização que trabalhou nos vários festivais. O objectivo principal foi conseguido. A aldeia está reabilitada e foi recentemente classificada. Esperemos que ganhe vida permanente e não apenas uma vez por ano. Até sempre!


Irmãos Esferovite / Tinto e Jeropiga


Mestre Galissá / Mussá Ibrahimo


André Cabaço Trio / Mosca Tosca


Danças d'Unho / Linho do Cuco

Ver fotos da edição de 2008 AQUI

Fotografia © Nuno Ferreira
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Photography © Nuno Ferreira
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2 comentários:

  1. Espero que o Trebilhadouro continue, de alguma forma, eventualmente com menos esforço e com mais apoios, para que o festival cresça e possa ser um exemplo de interacção cultural. Obrigado, também, pelo comentário sobre Mosca Tosca. Sou o flautista da banda e gosto de conhecer as opiniões sobre a nossa música, para que possamos inovar mais, indo ao encontro daquilo que as pessoas gostam e precisam de ouvir, enquanto partilhamos tradições europeias, principalmente com um cheirinho a Portugal.

    Abraço,

    Vítor

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  2. Obrigado pelo comentário, Vítor. Votos de muitos e bons espectáculos para os Mosca Tosca neste fim de Verão que se aproxima... e para o Outono quente em Verão de S. Martinho e para o Inverno frio aquecido a borradinha e outras que tais.
    Um abraço.
    Nuno Ferreira

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