Espaço de partilha, ponto de partida e ponto de encontro, de ideias e de emoções, de tudo e de nada. Espaço de reflexão, de crítica e de opinião. Sobre a arte e sobre a ARTE. Sobre o artista e o artesão. Sobre o intelectual e o analfabeto. Sobre os escolásticos e os da escola da vida. Feel free to join in. Eu não mordo. Bem... pelo menos nem sempre.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Portocine ou as memórias do velho Fantas
Era a sessão de encerramento do 1º Portocine, festival de cinema independente, a decorrer no cinema Batalha. Devo dizer que estava curioso tanto pelo evento em si, como pela ante-estreia nacional do filme "Fireflies in the Garden". Não me lembro do nome em português mas recordo-me que não me agradou e como tenho a mania do anglo-saxónico, o nome original parece-me muito bem. Em relação ao filme posso dizer-vos que não era aquilo que esperava. Uma história de família, trágica q.b. mas igualmente inteligente ao ponto de deixar no ar uma mensagem de esperança no futuro. Abusa um pouco das "viagens no tempo" em flashbacks constantes mas sem perder o sentido de continuidade. A relação entre os primos fica um tanto ao quanto dúbia mas desculpa-se. As interpretações não são geniais mas são seguras. Mas chega de comentário ao filme, apetece-me comentar a sessão em si mesma. O surreal começa ao pedir os bilhetes: - "Eram três bilhetes de estudante, por favor.". Resposta do outro lado: - "É assim, já não há bilhetes. Mas se descerem e houver lugares vazios podem entrar e nem pagam nada.". Ora isso do não pagar nada até soa bem à primeira. Mas ao descer rapidamente apercebemos-nos que lugares vazios só muito dificilmente porque entre pessoas com bilhete e pessoas com convites, os lugares eram em menor número do que os dois grupos mencionados. De repente quem estava à porta a receber desaparece e que estava à porta para entrar entra na mesma. Os degraus de acesso à sala até dão bons lugares e eu arranjei um braço numa cadeira da ponta na última fila que no meio daquilo tudo até parecia confortável. Filme mudo de Chaplin já a rolar e as vozes da populaça a pedir almofadas e já agora whisky com gelo. Filme de Chaplin cortado antes de acabar porque os VIP's da cerimónia afinal chegaram... atrasados mas chegaram e o que é o Chaplin ao lado do Nicolau Breyner. Mais zururu da populaça e faz-se a entrega dos prémios. Pena que a Tippi Hedren se tenha perdido pela cidade e não tenha chegado a tempo (mesmo que atrasada). Saem os VIP's, começa a apresentação da curta metragem "Má Fila". Eu sobre esta não vou falar. Sempre me disseram que quando não tiver nada de bom para falar, para estar calado. Bom conselho, mãezinha. Acaba a curta começa a longa. Fim da longa e uma dor nas costas e nos glúteos. Mas ainda assim satisfeito (e para calar as más línguas, não, não era pela dor no rabo) porque de repente tinha menos quinze anos e estava de novo no velhinho Fantas, num Teatro Carlos Alberto a cair de podre, mas cheio de pessoas com vontade de ver um filme e sentir gozo com isso, ao invés de irem porque é moda, porque é "bem" e porque se acham todos cinéfilos. Nota de espectador: "Um filme coreano no Fantas é para ver aos guinchos, mandar bocas, gozar com as roupas e adereços e não para ver calado com ar de apreciador de música clássica.". Se prometerem que para o ano este Portocine é assim, com pessoas a mais e lugares a menos, vadios a mandar bocas estúpidas e este gozo de ir ver filmes, garanto que estou lá presente. E apetece-me dizer (devido à proximidade da data) viva o 25 de Abril.
domingo, 19 de abril de 2009
Hipólito
Como o prometido é devido, aqui estou eu para comentar o espectáculo. Inicialmente fiquei com a sensação que poderia ser mais pesado do que realmente foi. Sem dúvida que o tema é desconfortável, mais do que outra coisa qualquer. Mas o desconfortável tem vários níveis e depende de quem o experimenta e eu nunca tive grande inclinação para sentir desconforto com temas fortes. As primeiras cenas levam o espectador a entrar num mundo de abusos e agressões e a iniciar a escalada na tal gradação de desconforto. O texto é fluido e funcional, um pouco duro e directo, o que aparentemente é normal em Mikael de Oliveira. Pelo menos fiquei curioso sobre o trabalho dele. A encenação, do próprio John Romão, é simples mas recortada com pormenores de extrema inteligência. Entre muitas outras coisas gostei do banho e gostei do porco. Não me perguntem... vão ver. Mas, para além do texto e da encenação, estava curioso para ver se a relação entre os dois actores tinha sido conseguida ou não. E durante o espectáculo o que transpareceu foi uma enorme empatia entre o John Romão e o pequeno actor Martim Barbeiro, ao ponto de o primeiro descer a máscara do segundo e humanizá-lo com as demonstrações de preocupação em relação a este, ao invés do que seguia no texto entre personagens, preocupação com as suas posições em palco, tempos e mais importante com a segurança e bem estar de Martim. O humor de John, a dançar entre o negro e o british, estava lá presente e martelava sempre que necessário. O de Martim, natural e infantil, também e era delicioso.
Numa escala de 10... não, nada de escalas neste blog. Não acham pretensioso isso das escalas? Ver uma nota alta atribuída a algo que no dia anterior tínhamos visto e detestado e uma nota baixa à coisa que nos parecia ser a revelação dos segredos do universo? Apenas digo que vale a pena ver. Não é perda de tempo, nem de dinheiro, nem de neurónios.
PS: Pergunta aos actores - Não deslocaram nenhum bracinho ao pequeno Martim, pois não? Livra. Aquilo parece a dada altura que o rapaz está numa centrifugadora a 100 à hora. O John devia vender bilhetes na Feira Popular e apresentar-se como montanha russa personalizada. Impossível ver aquilo como actos de violência quando recortados por gritos de alegria e gozo do Martim. Cool.
Numa escala de 10... não, nada de escalas neste blog. Não acham pretensioso isso das escalas? Ver uma nota alta atribuída a algo que no dia anterior tínhamos visto e detestado e uma nota baixa à coisa que nos parecia ser a revelação dos segredos do universo? Apenas digo que vale a pena ver. Não é perda de tempo, nem de dinheiro, nem de neurónios.
PS: Pergunta aos actores - Não deslocaram nenhum bracinho ao pequeno Martim, pois não? Livra. Aquilo parece a dada altura que o rapaz está numa centrifugadora a 100 à hora. O John devia vender bilhetes na Feira Popular e apresentar-se como montanha russa personalizada. Impossível ver aquilo como actos de violência quando recortados por gritos de alegria e gozo do Martim. Cool.
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Portocine

Deixo aqui o link para o programa completo: PROGRAMA
Miguel Bombarda - Inaugurações Simultâneas Abril 2009

sábado, 11 de abril de 2009
Bayang - Sombras do Som

"O gamelão, instrumento musical milenar indonésio, é o elo de união de quatro projectos que culminam neste espectáculo comum. Colectivo de percussões com uma grande diversidade de sons, o gamelão permite a obtenção de resultados artísticos e educativos muito gratificantes sem que haja necessidade de um conhecimento formal da Música. Por essa razão é usado um pouco por todo o mundo em projectos educativos. O gamelão da Casa da Música é uma aquisição recente e deverá ser, no futuro, um recurso importante nas actividades do Serviço Educativo. Neste concerto, que ganha corpo com momentos teatrais complementares, teremos oportunidade de escutar a versatilidade sonora de um instrumento que se adapta às várias necessidades dos grupos envolvidos e assistir a inovações na forma de o tocar."
quarta-feira, 8 de abril de 2009
6º Congresso Internacional Espaço T - O Desejo

"O Espaço T promove no seu VI Congresso Internacional, um espaço de reflexão sobre o desejo e as diferentes formas de ver e sentir, nas diferentes culturas de um mundo multicultural. Os cinco anteriores congressos “A Arte pode ser Terapêutica?”, “ O Onírico, a Arte e a Terapia” e “O Silêncio, O Ruído e Tudo o Resto”, “Sexo, Arte e Terapia” e “Morte, Cultura e Arte” contaram em cada um deles, com a participação de aproximadamente 800 congressistas. Os participantes partilharão durante estes 2 dias experiências resultantes quer das suas actividades profissionais como também das suas vivências pessoais: nomes como, o ex-director do Instituto de Medicina Legal do Porto - José Pinto da Costa, o psicanalista - Carlos Amaral Dias, o psicanalista brasileiro - Flávio Gikovate, o psiquiatra e vice-presidente da Associação Portuguesa de Psiquiatria - António Palha, o filósofo - Manuel Curado, a presidente da Sociedade Helénica de Música Terapia - Lianna Polychroniadou, o director do Laboratório da Expressão Facial da Emoção - Armindo Freitas Magalhães, o director do Instituto Espanhol Avançado da Criatividade Aplicada Total - David Prado, a presidente do Clube das Virgens - Margarida Menezes, o Imã da Mesquita Central de Lisboa – David Munir, a acompanhante e autora do livro “Aluguei o Meu Corpo” – Paula Lee, o coordenador operacional das investigações do “Caso Madie” e aposentado da Policia Judiciária – Gonçalo Amaral, o artista plástico Mário Bismarck, o arquitecto Alcino Soutinho, o jornalista Júlio Magalhães, uma das mulheres com maior numero de operações plásticas do mundo e escritora a Norte-Americana Cindy Jackson, a cantora e actriz brasileira - Fáfá de Belém, o chefe de cozinha – Hélio Loureiro, o consultor internacional e gestor de marcas - Carlos Coelho, a ex–actriz pornográfica e activista politica filiada no Partido Radical de Itália - Cicciolina e a autora de livros de protocolo e etiqueta – Paula Bobonne, são alguns dos oradores que participarão neste congresso. Contamos ainda com a presença de um recluso e uma transexual, que irão dar um testemunho sobre os seus desejos em contextos de vida muito próprios."
Hipólito

"(...) trata, como o nome indica, do mito de Fedra que envolve a sua vítima - Hipólito. Nas versões clássicas, a vitimização de Hipólito efectua-se através de uma lógica falocêntrica e falocrática, sendo Fedra o motivo feminino trágico, o elemento anómalo social e familiar. Neste Hipólito, Fedra, a imagem feminina que antes era ímpia, frágil e doente, surge aqui como uma mulher predadora, psiquicamente pervertida e sobretudo pedófila, numa lógica de igualdade dos géneros, «Não percebo porque é que ninguém fala das mães pedófilas / Será que elas não existem / Elas são iguais aos homens mesmo no mórbido / Elas também podem matar / Podem atirar ao lixo / sem grande transtorno / as suas próprias progenituras ou então afogá-las / com dois dias de vida e congelá-las / É por isso que hoje sou feminista / Porque acredito na igualdade dos géneros / tanto na bondade como na crueldade». O discurso de Fedra não se inscreve no formato das clivagens entre os sexos, esta Fedra é uma madrasta contemporânea, com “vontade de amar o seu filho com as mãos” e de satisfazer o seu desejo nele. Assim, em vez de ouvirmos o relato de Fedra, o autor propõe que se oiça o relato da vítima que passará, ao longo dos anos de abusos sexuais, a ser igualmente o predador, para castigar “a trindade” da casa, Teseu, Fedra, e ele próprio. No monólogo fala-se de um Hipólito castigado durante a infância, entre testemunhos da brutalidade de que foi vítima, do amor infantil para com a sua madrasta e da confissão de um filho de pai ausente. O falso monólogo será também uma homenagem ou uma recordação aos casos de pedofilia e de incestos que temos vindo a assistir nestes últimos anos, alimentando-se de um trabalho de patchwork de alguns depoimentos verídicos de vítimas."
GROTOX + Os surdos não ouvem concertos

Para já, deixo alguma informação sobre o espectáculo GROTOX, que será apresentado ao público amanha na Casa da Música, Porto. Inserido no festival “Ao Alcance de Todos 2009”, o Grupo Dançando com a Diferença estreia GROTOX a nova criação de Henrique Amoedo para a companhia residente no Centro das Artes Casa das Mudas. Para a realização desta criação, proposta pelo Serviço Educativo da Casa da Música, juntaram-se ao Grupo Dançando com a Diferença, alguns músicos do Factor E e outros convidados apenas para este projecto, os 5ª Punkada, além do desenho de vídeo de Paulo Américo, as fotografias dos DDiarte e o desenho de luz e figurinos de Maurício Freitas.
Já na sexta-feira, estarei presente com o Espaço T, também na Casa da Música, pelas 14:30, na conferência "Os surdos não ouvem concertos", com entrada livre. Os intervenientes são Jorge Oliveira (presidente do Espaço T), Jorge Queijo (músico e formador no serv. educ. da Casa da Música) Anabela Leite (gestora de projectos no serv. educ. da Casa da Música) Ângelo Mota (presidente da Associação de Surdos do Porto) e Cristina Silva (participante no espectáculo Bayang - Sombras do Som)
segunda-feira, 6 de abril de 2009
aRT alonG the aGes - Intro
Espaço de partilha, ponto de partida e ponto de encontro, de ideias e de emoções, de tudo e de nada. Espaço de reflexão, de crítica e de opinião. Sobre a arte e sobre a ARTE. Sobre o artista e o artesão. Sobre o intelectual e o analfabeto. Sobre os escolásticos e os da escola da vida. Feel free to join in. Eu não mordo. Bem... pelo menos nem sempre.
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